Enfermeira acusa negligência na saúde de Alto
Parnaíba e ameaça formular denuncia.
Fotos cedidas por Ávila |
A
enfermeira Ávila Monique que reside e trabalha em Goiânia GO, ao tomar
conhecimento do estado doentio do seu avô que vinha sofrendo com uma enfermidade,
resolveu vir até Alto Parnaíba MA, sua terra natal para visitar seus familiares
e poder auxiliar seu avô com seus conhecimentos.
A
profissional de saúde que só via em redes sociais as mil maravilhas da saúde de
nossa cidade ficou estarrecida com o que presenciou e viveu aquele naquele
leito. Ela resolveu usar as redes sociais para relatar tamanha negligencia com
a saúde desenvolvida naquele hospital público municipal.
Ávila afirma que
se viu impotente diante de um leito de hospital totalmente insalubre. Segundo
ela, naquele momento já podia perceber que o atestado de óbito do seu avô já
estava assinado, onde este ainda lutava bravamente pela vida. Em seu desabafo
na integra abaixo, ela promete formular denúncia aos órgãos competentes.
Confira o relato da jovem Ávila Monique Ribeiro Barros na íntegra:
“Como profissional da área sei como está a questão da saúde pública no
Brasil. Porém, quando estamos do outro lado da moeda, digo como paciente ou
familiar, precisando de assistência é que vemos que há sempre o que fazer por
aquele que sofre.
Neste fim do Ano de 2015, assim como qualquer pessoa fui ansiosa para
festejar com a minha família as festividades Natal e Ano Novo, pois moro
distante e passo a maior parte do ano longe daqueles que amo. Na ocasião, já
havia sido informada sobre a situação da saúde do meu avô materno, que não era
muito estável. No entanto imaginava que o mesmo estava sendo assistido da
melhor forma possível pelos profissionais de Saúde da minha querida Alto
Parnaíba MA.
Pois bem, vou lhes contar essa história que infelizmente teve um triste
fim...
Meu avô que já não estava passando bem há alguns dias, apresentou piora
no seu quadro clínico no dia 22 de dezembro de 2015, o mesmo era hipertenso e
sofria de uma patologia neurológica chamada Parkinson. O mesmo foi atendido por
várias vezes nas unidades de Saúde da cidade e no último atendimento a
profissional de Saúde que o atendera passou um medicamento conhecido como
Citoneurim, que para os conhecedores da área é um medicamento de uso contra
indicado para portadores da referida doença (é só conferir a bula). Enfim, a
medida que o medicamento era administrado conforme a prescrição da médica, o
meu avô não apresentava melhora, muito pelo contrário, sua condição só piorava.
Foi aí que no dia 22/12/2015 ele foi hospitalizado na única unidade de Saúde do
Sistema Único de Saúde da cidade.
No mesmo dia eu me deslocava de Goiânia, cidade onde resido atualmente
para a minha querida terra natal Alto Parnaíba. No dia seguinte, já na cidade,
me dirigi até o hospital, chegando lá, me deparei com uma cena deplorável, que
vou narrar com muita tristeza:
- Meu avô, cidadão de 88 anos, trabalhador incansável. Ali naquele
momento em um leito de hospital totalmente insalubre, que na minha opinião não
tinha a mínima condição de uma assistência humanizada. Na ocasião procurei me
interar sobre a real situação, apesar de perceber que as condições não
favoreciam um bom prognóstico. Meu coração cortou, como se uma faca tivesse
sido fincada no meu peito.
Tentei de todas as formas fazer com que colocassem pelo menos uma
oxigenoterapia, procedimento que já deveria ter sido realizado desde o primeiro
momento da internação. Pois bem, passadas algumas horas, foi colocado uma bala
de O2 a 5litros, só para constar, bem aquém da real necessidade do meu avô, que
poderia ser um paciente meu. Ele se encontrava comatoso, com nível de
consciência totalmente rebaixado e com padrão respiratório totalmente
insatisfatório já com utilização de músculos acessórios para respirar.
O sofrimento era eminente, a minha tristeza e sentimento de impotência
me partia ao meio. Falei novamente com os profissionais daquela unidade de
Saúde sobre a necessidade de aumentar o fluxo de O2, porém fui informada que
não seria possível aumentar o fluxo porque a bala estaria com defeito e não
havia outra disponível. Foi revoltante naquele momento perceber que os
profissionais de Saúde daquele hospital já havia assinado o atestado de óbito
do meu avô que ainda estava ali, lutando bravamente pela sua vida. Enfim a
madrugada foi chegando e a vida do meu avô que não teve a mínima chance foi se
despedindo. Enfim em uma determinada hora da noite a angústia tomou conta de
mim, que sou profissional de Saúde e estava ali, sem poder fazer nada.
Infelizmente meu avô veio a ter uma Parada Cardiorrespiratória na madrugada do
dia 24 de dezembro (véspera de Natal). No momento em que percebi a situação
imediatamente comuniquei as únicas profissionais que estavam ali, duas técnicas
de Enfermagem.
O médico???? Acho que estava na sua residência, no conforto do seu
leito, que provavelmente era climatizado por bom ar condicionado. Enfim, sem
ter o que fazer comecei junto com as técnicas de Enfermagem as manobras de
Suporte Básico de Vida, no escuro, pois a enfermaria naquele momento estava sem
iluminação. A situação era estarrecedora. Tive no momento também o auxílio do
meu irmão que estava comigo. Foram longos 45 minutos de reanimação, sem a
presença de um profissional médico, para prescrever no mínimo uma adrenalina.
No hospital não havia nem mesmo um ambu, ou um desfibrilador. Com a chegada do SAMU
me veio a esperança, quando questionei sobre a existência do equipamento para
desfibrilação, fui informada que o único existente estava danificado. Rios de
suor derramado misturado às lágrimas de desespero, tristeza e acima de tudo
revolta, não adiantaram, pois o meu avô faleceu em meus braços, sem a mínima
chance de sobrevivência.
A negligência é tamanha e falta de amor pela profissão e pelo paciente
me fez por um momento ter vergonha de ser profissional de saúde. Após o óbito e
depois de um bom tempo o profissional médico, responsável pelo plantão chega a
unidade, pois estava em SUA CASA, durante o horário de trabalho, e chegou
apenas para assinar o atestado de óbito que já sido decretado desde à
internação do meu avô!!!! Triste realidade de uma cidade que tanto amo, que
tive que sentir na minha própria pele em um momento que deveria ser de
confraternização.
Negligência com a vida do outro é um crime hediondo, a Justiça dos
Homens pode nada fazer, mais a justiça daquele que nunca dorme DEUS sempre se
faz.
Esse meu texto é uma crítica, uma denúncia, um desabafo à situação de
descaso em que os doentes de Alto Parnaíba estão sofrendo. Por enquanto é só um
desabafo, mais se preparem os responsáveis pela saúde local, logo será uma
denúncia formal e assinada para que vocês se expliquem diante das autoridades
competentes. Ah, só para constar, em 24 h de internação meu avô adquiriu 2
úlceras por pressão que mostra a total falta de cuidados!!!!”.
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